Aprendizagem cooperativa no contexto da sala de aula
a análise da evolução psicogenética da língua escrita de aluno com deficiência intelectual
Pertence ao acervo: IEP - MG / IEP Darci Barbosa
A presente tese teve por objetivo analisar se a Aprendizagem Cooperativa constitui-se
fator de evolução psicogenética da língua escrita de alunos com deficiência intelectual
em contexto de sala de aula comum. Analisou se existiam diferenças na evolução da
escrita silábica entre os alunos com deficiência intelectual que participaram das sessões
de Aprendizagem Cooperativa e aqueles do grupo controle. Investigou também se esses
sujeitos apresentaram comportamentos pró-ativos durante as sessões de produção escrita
em contexto de cooperação em sala comum. Nosso estudo teve uma abordagem
qualitativa, utilizando como base teórica-metodológica a organização estrutural da
Aprendizagem Cooperativa fundamentada por Johnson, Johnson (1991, 1997, 1999). A
tese tem como fundamentação teórica os pressupostos sóciointeracionista de Vygotsky,
principalmente quanto a importância da interação e do conceito de mediação para a
aprendizagem dos alunos em grupo; os estudos sobre a psicogênese da língua escrita
referendados por Ferreiro e Teberosky; e as concepções acerca do funcionamento
cognitivo das pessoas com deficiência intelectual. Participaram do estudo seis sujeitos
com deficiência intelectual, quatro constituindo o grupo experimental e dois o grupo
controle. Os sujeitos frequentavam três escolas municipais de Fortaleza, nos 2º e 3º anos
do Ensino Fundamental I, e o Atendimento Educacional Especializado. O
desenvolvimento da pesquisa contou com nove procedimentos, dentre eles a aplicação
de pré-testes e pós-testes de escrita, e a realização de 35 sessões de produção de texto
em grupo com cada sujeito do grupo experimental, perfazendo um total de 140 sessões.
Os dados revelaram que, de modo geral, os sujeitos do grupo experimental
desenvolveram habilidades sociais para tratar e superar as adversidades de natureza
socioafetivas existentes ao longo das sessões, bem como para posicionarem-se nos
grupos como protagonista de sua escrita. Os resultados mostraram que os sujeitos que
participaram das sessões em grupos apresentaram comportamentos ao encontro da
proposta da Aprendizagem cooperativa, promovendo, sobretudo, a emergência de
atitudes pró-ativas durante a construção dos textos coletivos, de modo que estes sujeitos
refletissem sobre o sistema de escrita. Os pré e pós-testes revelaram mudanças de níveis
conceituais na língua escrita dos quatro sujeitos do grupo experimental, e regressões
conceituais nos níveis de escrita dos sujeitos do grupo controle. Os dados indicam que a
Aprendizagem cooperativa constituiu-se uma abordagem estrutural aplicável em sala
comum junto aos sujeitos com deficiência intelectual de modo a promover a evolução
psicogenética dos quatro participantes do estudo. A experiência oportunizou também
aos sujeitos momentos de reflexão em grupo acerca do sistema de escrita, fazendo
inferências e buscando de forma autônoma soluções para suas duvidas e
questionamentos, aspecto que certamente contribui para a evolução desses sujeitos.